NO FINAL, SEEEEEEEEMPRE DÁ CERTO…

Agora sim!!!!!! Depois de vários dias sem notícias desde que noticiamos que estávamos sem motos, agora dá pra escrever com um pouco mais de certeza. Foram dias tensos… Além da proximidade da data de embarque, por si só, gerar um certo stress (será que deixei encaminhado tudo que devia deixar? Será que lembrei de resolver todas as pendências? Será que não to esquecendo de nada para a viagem?), a história das motos gerou uma confusão tremenda. A bem da verdade, o processo de locação das motos com a empresa que conseguimos encontrar na Rússia nunca correu às mil maravilhas. Desde o princípio, a comunicação é truncada, exclusivamente por e-mails que levam dias entre ir e vir, num processo bem desgastante pra alguém que está planejando uma viagem de 10.000 km no meio do nada e precisa de um mínimo de suporte local.

O ápice desse processo, como vocês já sabem, foi quando com duas semanas para o embarque recebemos a notícia de que estávamos a pé. Confesso que minha reação imediata foi de profundo emputecimento! Já imaginei que os russos estavam de sacanagem, principalmente quando a mesma empresa disse que conseguiria outras motos, mas custariam 30% mais caro. Ao longo desses dias, nas trocas de e-mails com a empresa, eles se mostraram muito solícitos e pediram milhares de desculpas. Mas no fim das contas, o saldo final foi que nem pagando mais caro, conseguimos as motos que queríamos e até hoje as 9h da manhã, o que tínhamos de concreto eram duas BMW F800 GS. Motos ruins? De forma alguma!!!!! Mas seguramente muito menos confortáveis para dias de 1.000 km do que as R1200 GS que esperávamos receber.

Aí, ontem a noite, resignado com o que tínhamos, fui procurar na Internet saber sobre os equipamentos de série nas F800 GS na Rússia. Esses equipamentos normalmente mudam de país para país, e eu queria ter uma ideia melhor do que nos esperava. À época em que encontrei a primeira empresa, revirei a Internet atrás de empresas que alugassem motos na Rússia, e a única que confirmou que viabilizaria a viagem foi aquela que nos deu o bolo. Qual não foi minha surpresa quando ontem procurando pelas especificações da 800, encontrei uma tal de RUSSIAN MOTO TRAVEL COMPANY. Entrei no site e… UAU! Um site profissional, bem estruturado, de uma empresa especializada em roteiros de moto pela Russia. Tinha até um “about us”, onde além de ver que o dono é um empreendedor que transformou a paixão pelo motociclismo em negócio, tinha uma foto do cara!!!!! Quase não acreditei quando vi um rosto (em seis meses de idas e vindas com a empresa anterior, tudo que eu tinha era o e-mail da criatura do outro lado das mensagens). Mais do que depressa inclui o cara no meu facebook e fui dormir…

Quando acordei as 6h da manhã (faz tempo que tá difícil dormir além das 6, a ansiedade já bateu faz tempo… hehe) , Alexander Nokinov havia aceitado meu pedido de amizade. Para resumir a história e poupar o tempo dos meus queridíssimos leitores, em uma tarde, o Alexander fez mais por nós do que a empresa anterior em seis meses: me conseguiu duas R1200 GS (uma das quais, uma Adventure, parece até um sonho!!!!!), me prometeu uma relação de contatos em todos os moto clubes pelo caminho (sim, eles existem, e são vários) para que quando chegarmos em cada parada sejamos recebidos pelos motociclistas do local pra “one glass of beer” (palavras do Alexander), me prometeu uma relação de mecânicos que falam inglês pelo caminho para apoio em qualquer eventualidade, me mandou fotos das motos, trocou ideia sobre os pneus a utilizar na rota (uso misto normal, apenas com extremo cuidado na região de Chita, onde podem haver deslizamentos de terra), recomendou trocarmos de hotel em Moscow pra pegarmos um que facilite o processo de pegar as motos e orientou quanto aos horários para pegar o trem que será necessário de São Peterburgo para Moscow. O único downside é que efetivamente começaremos a viagem de moto em Moscow, e não mais em São Petersburgo, já que não há tempo hábil para mandar as motos para lá. Em compensação, ganhamos a oportunidade de viajar de trem pela Russia, no trem bala de lá (Sapsan, 3 horas e meia para percorrer 800 km). Ou seja, agora sim, tudo resolvido e de maneira infinitamente melhor e mais confiável.

Ahhhh, os aprendizados das viagens… por mais que tentemos ter o controle de tudo, às vezes isso é simplesmente impossível. E abrir mão desse controle também é o que abre o caminho para novas possibilidades. Aí está o Alexander, que após 6 meses de improdutivas conversas por e-mail com a outra empresa, surge aos 48 do segundo tempo para nos salvar!!!!!!

O problema agora é outro. Rodrigo está a base de antibiótico e corticóide. E eu to no caminho, ainda relutando quanto ao corticóide, mas os dois arrumaram jeito de pegar uma gripe braba na véspera da viagem. Mas depois de toda essa confusão com as motos, um nariz trancado e uma tosse de vez em quando, definitivamente é o menor dos nossos problemas! 🙂

Amanhã, arrumar malas. Não vai ser fácil… Quando vocês virem a quantidade de coisas pra levar, vocês vão entender porque…